Daniella Marques Burghera, Mariana Zequeto, Vivian Alves
O MERCOSUL é a União Aduaneira entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, que tem como objetivo alcançar uma integração econômica consolidada, o livre comércio entre os países citados, uma política comercial comum assim como o livre movimento de fatores produtivos. Nessa integração existe o estabelecimento de uma tarifa externa comum (TEC) e a adoção de uma política comercial comum em relação a outros Estados ou blocos econômicos. Os Estados da Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela são Associados ao bloco.
Em 2005, a Presidência Pro Tempore do Uruguai no bloco criou a Somos Mercosul, com o apoio da Fundación Friedrich Ebert en Uruguay (FESUR), que tem por objetivo envolver a cidadania no processo da integração regional, gerando novos espaços para que a sociedade civil e os governos locais possam debater, formular demandas e participar dos processos decisórios. Esse é um programa de ações sociais, políticas e culturais acordado entre os governos com a sociedade civil organizada dos países membros do MERCOSUL.
Desde os primórdios do MERCOSUL se era cobrado uma maior participação social no bloco, pois assim seria de acordo a iniciativa cultural, regional e estudantil para um fortalecimento do bloco. Mas somente em dezembro de 2006 durante a I Cúpula Social do MERCOSUL é que foi ratificada a Agenda Social emanada do I Encontro por um MERCOSUL Produtivo e Social, evento ocorrido em julho daquele ano em Córdoba, durante a XXX Reunião de Chefes de Estado do MERCOSUL. Também se comprometem à promoção e a proteção dos direitos humanos no MERCOSUL e Estados associados, saudando a criação do Grupo de Trabalho sobre Educação e Cultura em Direitos Humanos e enfatizando a importância de assegurar o direito à verdade e à memória.
Faz-se necessário entender que para que haja um avanço rumo a um MERCOSUL mais efetivo e democrático é fundamental enfatizar as dimensões política, social, trabalhista, ambiental e cultural da integração regional, em complementação às dimensões comercial e econômica.
Um bom exemplo dessa expectativa é descrito por Talita da Silva em A Influência da Cultura na Integração do MERCOSUL: “...não haveria integração caso os países membros não estivessem dispostos ao menos a compartilhar suas culturas. A cultura, bem como a criação de uma identidade comum, constituem elemento estratégico na formulação de políticas de desenvolvimento regional e contribuem, dessa forma, para o aprofundamento da integração. É como se a cultura constituísse matéria-prima para a aceleração de processos de integração regional. Quando as pessoas de um país percebem que tem seus valores respeitados, as razões para as barreiras físicas desaparecem. Diante de uma identidade comum já criada, os conflitos passarão cada vez mais longe do bloco e a integração será mais profunda e mais acentuada.”
No último 6 de outubro o presidente Lula assinou um decreto para facilitar acesso dos movimentos sociais ao MERCOSUL, criando o Conselho Brasileiro do Mercosul Social e Participativo, responsável pelo programa de mesmo nome. O decreto foi feito em prol de ampliar a participação do cidadão, dos movimentos e instituições sociais nas atividades do Bloco, segundo o governo. O Programa vai coordenar iniciativas culturais, educativas, sociais e produtivas, de modo a fomentar discussões sobre temas da integração e encaminhar sugestões da sociedade civil.
Nesse contexto cultural, partindo da necessidade de resgate de nossas manifestações artístico-culturais de caráter folclórico e do fomento de manifestações de projeção folclórica, tendo consciência de que os usos, costumes, vocábulos, danças, ritmos, instrumentos musicais, tidos como típicos do Rio Grande do Sul, não são em sua maioria, exclusivos do território hoje pertencente ao nosso Estado e sim compartilhado por extensa área geográfica do centro sul da América do Sul, surgiu o Programa Grito Pampeano, com o objetivo de apresentar diferenciada seleção musical, que abrange toda esta área geográfica que possui semelhanças culturais marcantes.
A idéia surgiu no início do ano de 2005, com os acadêmicos de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas, Bruno Medeiros Donato e Eric Silveira Batista Barreto, que passando do plano das idéias, resolveram tomar iniciativa. Por intermédio do acadêmico de Biologia, Luciano Dutra Almeida, apresentaram a proposta à Rádio Federal FM, que abraçou a causa do Grito Pampeano, que foi ao ar no final do mesmo ano. Em pouco mais de um ano no ar, o programa conseguiu satisfazer os ouvidos dos que já conheciam a música gaúcha da Argentina e Uruguai, e que sentiam a carência de um programa que as veiculasse. Conseguiu também fazer com que apreciadores da música nativista feita no Rio Grande do Sul, passassem a conhecer e admirar as obras equivalentes de além fronteiras e ainda cativou uma parcela significativa de ouvintes que ainda não conheciam a música do homem de bota e bombachas.
O Programa Grito Pampeano serve como uma expressiva forma de congregação e acolhimento da importante colônia de argentinos e, em maior número, uruguaios que há em Pelotas e região. Outra marca do programa é a veiculação de músicas de festivais nativistas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que acontece muitas vezes em primeira mão, algo importante uma vez que nestes festivais surgem e surgiram os maiores talentos do nativismo. Atualmente o programa Grito Pampeano está se tornando um projeto de extensão da UFPel, do qual fazem parte os acadêmicos vinculados a UFPel. Pode-se perceber, ainda que de forma implícita, o fortalecimento do Mercosul, por ser a arte e notadamente a música, um elemento de integração de povos.
O Programa vai ao ar todo domingo às 17 horas e reprisado nas quartas às 20 horas, na Rádio Federal FM 107,9.
Bibliografia Consultada
SILVA, Talita da. A Influência da Cultura na Integração do Mercosul. Santo André, 2007.
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