segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A Televisão na Bolívia

Fabrício Maciel, Nadia Abdalah, Ana Carolina Alves

Com o aprofundamento do estudo sobre o papel que a televisão na Bolívia, um dos meios de maior capacidade de fornecer informação nos dias atuais, o que se pode constatar é uma situação alarmante.

Além da tardia chegada do meio de comunicação ao país que é nitidamente hoje o mais pobre de todos os membros não só da Comunidade Andina, como também de toda a América do Sul, a televisão foi utilizada como ferramenta ideológica pela ditadura de Hugo Banzer para combater as rádios dos mineiros que contestavam o regime e contavam com um crescente número de ouvintes. Assim como grande parte dos demais governos daquele país, o de Banzer fez o papel de opressor da população pobre e indígena com o propósito de beneficiar a elite branca.

De início, o único canal no ar pertencia ao Estado, evoluindo mais tarde para também mais oito canais pertencentes às Universidades controladas pelo Estado.
Em meados da década de 90, com a implementação dos canais privados, se estabelece no país o sistema de televisão que deu inicio ao formato que se observa atualmente na grade de transmissão. Pela falta de capital para gerir um canal como qualquer outro da América do Sul, parte dos canais distribuía de forma clandestina o sinal captado em países vizinhos e em sua maioria, os programas transmitidos eram telenovelas e filmes americanos.

De forma muito interessante, o que se observa também é que em cada região do país, um canal televisivo tem mais influência que o outro e todos esses canais de grande audiência no país são controlados ou ao menos estão ligados a grupos com interesses políticos e que se valem muito desse meio para obterem influência.
Mediante a tal fato é que se pode, não sem indignação, começar a entender o que de fato ocorre no país vizinho, que mensagem é passada, que informação é fornecida para essa população. A mensagem não é nada se não um grande vazio, que busca alienar ainda mais uma população que em parte não se identifica mais com suas raízes, e sim com filme e seriados americanos, telenovelas brasileiras e mexicanas, e desta forma não conseguem enxergar o que poderia vir a unir a população para que de fato houvesse apoio ao primeiro governante realmente interessado em defender os ideais de um povo que se reconhece como nativo daquele lugar e não nega as suas raízes, não quer parecer norte americano ou europeu.

O meio que tem o poder de fornecer capacitação para profissionais, fornecer conhecimento, formar cidadãos, no final das contas é utilizado da mesma forma com que teve origem naquele país. Uma forma de manter uma população desinformada, desestabilizada e o pior de tudo é que é a desconstrução de um passado, de uma origem, mantendo a sua audiência preocupada apenas com o que acontecerá no próximo episódio da telenovela e não dando foco ao massacre cultural que de fato ocorre em seu próprio país.

Referências bibliográficas:






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