
Características do Caribbean Community ou Comunidade do Caribe CARICOM *
Rafael Pires de Lemos
O bloco foi formado por ex-colônias de potências européias que, após a sua independência, viram-se na contingência de aliar-se para suprir limitações decorrentes da sua nova condição e acelerar o seu processo de desenvolvimento econômico.
Além de incentivar a cooperação econômica entre os membros, a organização participa da coordenação da política externa e desenvolve projetos comuns nas áreas de saúde, educação e comunicação. Como sabemos, o Caribe é uma região formada por arquipélagos, o que proporciona um isolamento devido sua posição geográfica. Então, quais os métodos que os países encontraram para a formação do bloco?
Como dito anteriormente, este processo de integração seria para, primordialmente, sanar as falhas econômicas dos países membros, criando assim um mercado comum, aonde haveria uma livre circulação entre os adeptos. Há até um passaporte do CARICOM, para a circulação de pessoas e bens. Mas, o que facilitou este processo de integração foi, sem dúvida, a proximidade cultural entre estes países caribenhos.
A indústria cultural
O setor cultural e criativo refere-se a estética, identidade, bens, serviços e propriedade intelectual. Ele incorpora um vasto conjunto de atividades que fazem circular sons, palavras e imagens, ou uma combinação das anteriores. Isso se aplica ao contexto artístico e criativo, às obras que são identificáveis como commodities e à serviços que estão à venda ou em exibição em alguns mercados locais ou arena pública. Em suma, a expressão cultural descreve as indústrias criativas e as atividades econômicas dos artistas, das artes e das empresas culturais, com fins lucrativos, bem como sem fins lucrativos, na produção, distribuição e consumo de cinema, televisão, literatura, música, teatro, dança, artes visuais, radiodifusão, multimídia, animação, moda, etc.
O setor não é apenas uma arena comercial, é um espaço simbólico e social onde valores espirituais, significados psicológicos e prazeres corporais são exibidos, promulgados e representados. Dessa perspectiva, indústrias culturais/ criativas desempenham um duplo papel: eles são uma importante área para o investimento na nova economia do conhecimento e um meio de reforçar os valores espirituais e identidade cultural. Esta é a razão pela qual a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) recomenda que os países deveriam “maximizar potenciais de contribuição econômica”, bem como “facilitar a divulgação endógena da criatividade cultural, tanto nacional como mundial”.
Em termos econômicos, os setores das indústrias culturais/ criativas podem ser classificados em função da extensão dos direitos do autor consubstanciado no serviço ou produto. A maior parte dos setores selecionados para este estudo fazem parte do núcleo criativo, indústrias para as quais é o direito autoral a característica central de fabricação, desempenho, radiodifusão, distribuição, varejo e assim por diante. Outra categoria é uma indústria independente de direitos autorais, que geram esses equipamentos que o núcleo criativo de serviço (por exemplo, instrumentos musicais como panelas de aço). A última categoria é a indústria parcial de direitos autorais, aquelas atividades que têm apenas uma parte da sua produção atribuível a direitos autorais.
Os setores das indústrias culturais/ criativas também são distintivos na medida em que têm várias redes de transação e fluxos de rendas. O setor gera receitas provenientes da venda de bens (por exemplo, as vendas de mercadorias), prestação de serviços (por exemplo, honorários profissionais) e os licenciamentos de propriedade intelectual (por exemplo, royalties). As indústrias culturais/ criativas também criam circulação de bens, serviços e propriedade intelectual. Neste sentido, não são definitivas as mercadorias que são produzidas nas indústrias culturais/ criativas. Conseqüentemente, medir o impacto econômico e o desempenho dos setores exige uma sofisticada gama de ferramentas de medição e análises. No Caribe, o desafio é ainda agravado pela falta de um quadro institucional para a recolha e a publicação de dados relevantes sobre o setor em toda a região do CARICOM.
Abaixo, alguns exemplos de indústrias que compõe a indústria cultural do CARICOM, e que favorecem a amálgama do bloco:
Indústria musical:
A indústria musical caribenha engloba uma gama de produtos e serviços que podem ser classificadas em sete grandes áreas de atividade econômica. Destes, música
produção, edição musical, e performance ao vivo são o núcleo principal ou de atividades econômicas, enquanto produção audiovisual, radiodifusão, administração e direitos autorais são considerados atividades econômicas secundárias, uma vez que fornecem serviços de suporte essencial para o funcionamento eficaz da indústria em cada território.
O CARICOM pode se orgulhar de ter um diversificado repertório de música indígena, juntamente com um crescente foco na produção musical mundial nos gêneros de jazz, rock e gospel. Ao longo dos anos, os gêneros indígenas, em especial gêneros reggae / dancehall, calypso, soca, zouk e salsa tornaram-se comercializáveis através de produção recorde. Esta situação tem evoluído para uma constante atividade empresarial em toda a região e tem impelido a popularidade desses gêneros fora da região.
Indústria audiovisual:
Também temos o setor audiovisual, que inclui filmes, vídeos e produções de televisão. A indústria cinematográfica e de vídeos caribenha ainda está na infância. A região produz uma gama de vídeos musicais, documentários corporativos, propagandas de televisão ao vivo e mostra inclusive notícias, talk shows, esportes, outros carnavais e festivais culturais nacionais. Poucas produções nacionais são vistas fora de seu país, para além das telenovelas.
Enfim, levando em consideração estas afirmações sobre as indústrias culturais do CARICOM, podemos dizer que este processo de integração se sustenta pelo combate da influência norte-americana no território caribenho. Sabemos que sua indústria cultural (norte-americana) é avassaladora, e graças às técnicas que disponibilizam, como rádio, TV, jornais, Internet, exercem uma influência pesada nos demais países/ blocos.
Na América Latina e Caribe em especial, o discurso democrático e a Doutrina Monroe foram o alicerce para a construção de um império americano nessas regiões. As máquinas estatais dos países latino-americanos e caribenhos eram totalmente dependentes e vulneráveis ao governo de Washington.
Sabendo disso, não podemos negar que os países latino-americanos e caribenhos mantém um anti-americanismo muito forte, fomentado principalmente pela própria indústria cultural, o que facilita ainda mais a coesão do bloco em questão, o CARICOM.
Referência Bibliográficas:
ADORNO, Theodor W. Indústria Cultural e Sociedade, 4ª edição, São Paulo, Editora Paz e Terra, 2002.
MENEZES, Alfredo M; PENNA FILHO, Pio. Integração Regional: os blocos econômicos nas relações internacionais. 1ª edição, São Paulo, Editora Campus, 2006.
Do tambor ao toca-discos
No mundo da cultura, o centro está em toda parte
Site oficial do CARICOM
Wikipédia
UNESCO, International Flow of Selected Cultural Goods and Services, 1994 – 2003. www.unesco.org, acesso em 20/10/2008
2 comentários:
Dri,
Parabéns pela iniciativa, e obrigado por publicar nossos artigos.
Espero que ajudem a muita gente!
Beijão
Rafael Lemos
Rafael, eu espero que seu entusiasmo não pare por aqui. Sinta-se à vontade para escrever mais sobre América Latina, abraços.
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